O que faremos quando voltarmos à rotina? Como aturaremos o olhar que nos fulmina quando nos encaramos no espelho? Aquela pessoa que viveu, viu e partilhou de momentos difíceis de explicar; aquela alma que já não se diz pura tampouco inocente; aquele brilho apagado que não nos mostra caminho algum… Tudo isso, todas essas coisas serão características absolutamente insignificantes perto da imensidão do vazio que estende sobre nós.
Aos que ficaram, resta resignificar a esperança e tentar fazer desse sinal de menos um travessão para um possível — mas improvável — recomeço. Viver, tentando não ver o que fizeram nesses meses de descaso e loucura.
]]>Eu poderia falar sobre a burrice generalizada que está brotando nas pessoas, mas aí eu iria soar um pouco presunçoso, e isso não é uma coisa boa, né? Eu também poderia contar um pouco sobre essa raiva silenciosa que eu venho sentindo, essa vontade de que esse monte de idiotas se ferrem de “verde e amarelo”, literalmente, e que sejam eles os perseguidos, e que sejam eles os que sofram na pele aquilo que desejam pros outros. Mas talvez meus ilustres leitores não entendam, e é possível que alguém diga, com razão, que eu não deveria pensar assim.
Por esses motivos, eu resolvi falar de outra coisa. Vou falar sobre a certeza. Nós vivemos num período que a certeza está à solta, e todos já têm as suas. A certeza é tipo o tamagotchi dos anos 90: se você não tem, você tá por fora! Ter certeza é ter estilo.
Às vezes eu me pego boquiaberto com o tanto de certeza que as pessoas possuem! Por exemplo, no caso da política brasileira, existem certezas que são quase dogmáticas. Ou você tem certeza que o Lula de fato é corrupto e roubou tudo aquilo que dizem, ou você tem certeza que o Lula não é corrupto e está sendo vítima de um golpe político-midiático-jurídico-judaico-papal. Não tem certeza sobre o assunto? Não sabe, ou não se sente seguro o suficiente pra opinar? Então vai pra masmorra, e receba pedradas dos dois lados!
Como é que faz pra viver nesse mundo? Como é que faz pra se ter tanta certeza sobre tantas coisas? Sinto que faltei a essa aula no colégio, enquanto todo mundo foi e se certificou de ter certeza.
É. Parece que, sem dúvida, eu acho que certamente não sei de nada.
]]>Right now, I have lost my will and my power to concentrate, to focus on what really matters, because what really matters is still undefined. Right now, things don’t seem to fit as they once did; the vision blurs and I am not so sure what it is that I should be doing but am not. Right now, my self has become another one. Someone that doesn’t remind me of anybody in particular.
Struggling, defining, living and knowing. These are constant words, constant feelings and actions that live with me. Who am I? What do I like? What do I don’t like? Am I good in what I thought I was good? Am I feeling what I think I’m feeling?
This is more than the impostor syndrome. But it is less than the Stockholm syndrome. It’s somewhere in between, or maybe nowhere. When I woke up and decided to keep going, I knew it was a temporary decision. It still is. I still have to find what I missed, or what I have never found. What to do? Too hard of a question to answer right now. Here’s hoping that time will help me with this hard, but long-wanted task.
]]>Não sei dizer o porquê, mas às vezes tenho uma mania besta: gosto de ficar procurando “sarna pra me coçar”. Em outras palavras, eu fico procurando coisas que me deixam mal, mesmo sabendo que vou ficar mal depois de vê-las.
Não tenho explicação pra esse comportamento. É algo meio sabotador, meio sofredor, meio… Não sei. Às vezes, quando me vejo novamente nesse ciclo vicioso, consigo parar. No entanto, na maioria das vezes, eu entro num estado estranho: é como se eu estivesse me observando, estudando quais consequências aquele ato traz para mim. Fico me perguntando se sou a única pessoa desse mundo que faz isso…
Acho que um exemplo bom desse tipo de comportamento é o que tenho feito ultimamente. Às vezes, por algum motivo que me é estranho, leio coisas ruins escritas por pessoas extremamente insensatas. E, talvez pelo mesmo motivo misterioso, eu fico mal com o que leio, mesmo sabendo que, colocando na balança o que essas pessoas fazem e o que eu faço, a diferença é gigantesca. Então por que raios eu fico mal quando leio as besteiras que são praticamente vomitadas por essas pessoas?
Talvez algumas pessoas (eu incluso) tenham um radar pra sentimentos fortes. Por exemplo, um gesto de altruísmo é algo que consegue tocar o fundo da alma, e merece ser apreciado como um vinho raro. Mas, em contrapartida, uma expressão de raiva, desprezo ou incompreensão também capta a atenção de uma forma quase inevitável. O mistério que esse gesto, muitas vezes incoerente, esconde é algo que me deixa quase aficcionado, como se eu estivesse lendo um livro e não quisesse parar antes de chegar no final. Por que uma pessoa se coloca num papel por vezes ridículo, apenas por conta de uma opinião? Por que essa pessoa, na ânsia de criticar um comportamento, um pensamento, ou uma ideologia, muitas vezes exibe exatamente as mesmas características que repudia? O que faz um ser humano, cheio de falhas e limitações, subir num (muitas vezes falso) pedestal e esquecer que já esteve lá embaixo?
Felizmente, as questões acima, por mais intrigantes que sejam, não têm me prendido por muito tempo. Acho que, nesse processo de aprendizagem a que chamamos de “vida”, estou num ponto em que percebo claramente o caos que reina na cabeça dessas pessoas, e tento me afastar dele. Mas, mais importante que isso, acho que me dou conta de você pode escolher ser a mudança que quer ver no mundo (Gandhi), ou ficar ladrando enquanto a caravana passa… E eu definitivamente não quero perder meu tempo comparando códigos pra dizer quem é melhor.
]]>As I said, I agree with him. But I am going through a lot of situations in my life that are constantly reminding me that, maybe, I am that “radical” after all. I do not know whether this is good or bad, and I can say I have been questioning myself for a while now. This post, by the way, is going to be a lot about self-questioning.
Maybe the problem is that I am expecting too much from those that have the same beliefs that I do. Or maybe the cause is that I do not know what to expect from them in certain situations, and I am disappointed when I see that they do not follow what I think is best sometimes. On the other hand, when I look myself in the mirror, I do not know whether I am totally following what I think is best; and if I am not, then how can I even consider telling others to do that? And even if I am following my own advices, how can I be sure that they are good enough for others?
One good example of this is my opinion about FSF’s use of Twitter. The opinion is public, and has been criticized by many people already, including Free Software supporters. Shortly after I wrote the post, I mentioned it to Richard Stallman, and he told me he was not going to read it because he considered it “too emotional”. I felt deeply sad because of his reaction, especially because it came from someone who often appeals to emotions in order to teach what he has to say. But I also started questioning myself about the topic.
Is it really bad to use Twitter? This is what I ask myself sometimes. I see so many people using it, including those who defend Free Software as I do (like Matt Lee), or those who stand against privacy abuses (like Jacob Appelbaum), or who are worried about social causes, or… Yeah, you got the point. I refuse to believe that they did not think about Twitter’s issues, or about how they would be endorsing its use by using it themselves. Yet, they are there, and a lot of people is following their posts and discussing their opinions and ideas for a better world. As much as I try to understand their motivation for using Twitter (or even Facebook), I cannot convince myself that what they are doing is good for their goals. Am I being too narrow minded? Am I missing something?
Another example are my thoughts about Free Software programs that support (and sometimes even promote) unethical services. They (the thoughts) are also public. And it seems that this opinion, which is about something I called “Respectful Software”, is too strong (or “radical”?) for the majority of the developers, even considering Free Software developers. I saw very good arguments on why Free Software should support unethical services, and it is hard to disagree with them. I guess the best of those arguments is that when you support unethical services like Facebook, you are offering a Free Software option for those who want or need to use the service. In other words, you are helping them to slowly get rid of the digital handcuffs.
It seems like all those arguments (about Twitter, about implementing support for proprietary systems on Free Software, and others) are ultimately about reaching users that would otherwise remain ignorant of the Free Software philosophy. And how can someone have counter-arguments for this? It is impossible to argue that we do not need to take the Free Software message to everybody, because when someone does not use Free Software, she is doing harm to her community (thus, we want more people using Free Software, of course). When the Free Software Foundation makes use of Twitter to bring more people to the movement, and when I see that despite talking to people all around me I can hardly convince them to try GNU/Linux, who am I to criticize the FSF?
So, I have been thinking to myself whether it is time to change. What I am realizing more and more is that my fight for coherence perhaps is flawed. We are incoherent by nature. And the truth is that, no matter what we do, people change according to their own time, their own will, and their own beliefs (or to the lack of them). I remembered something that I once heard: changing is not binary, changing is a process. So, after all, maybe it is time to stop being a “GNU radical” (in the sense that I am radical even for the GNU project), and become a new type of activist.
]]>Nunca votei em candidato algum, em nenhuma eleição até hoje. Sempre me vi descrente das propostas apresentadas, ainda mais quando percebia que aqueles que davam rostos às propostas eram basicamente os mesmos. Por isso, nas primeiras eleições em que pude “exercer a cidadania em sua plenitude” (uma mentira deslavada contada pela imprensa, que talvez mereça outro post), lá no longínquo ano de 2002, decidi por anular meus votos. Depois disso, mudei-me de cidade, e não transferi meu título de eleitor porque, no final das contas, iria acabar votando nulo novamente. No entanto, e de uma maneira aparentemente contraditória, sempre interessei-me por política.
Pode mesmo parecer contradição, mas eu nunca entendi como existiam pessoas (e são muitas!) que não queriam saber de política, e do que estava acontecendo no próprio país. Obviamente, essas mesmas pessoas em geral são as primeiras que reclamam do governo, ou que criticam um político, mesmo sem saber exatamente o porquê de fazerem isso. E quando vamos falar sobre política com elas, aquela velha máxima “Política não se discute!” vem à tona, e você de repente perde qualquer motivação para continuar conversando. Mas mesmo com toda essa minha “descrença-crente” com a política, nessas últimas eleições eu tive uma enorme vontade de votar.
Meu voto não iria para o Aécio. E no primeiro turno, provavelmente eu não votasse em nenhum dos candidatos, como sempre fiz. Mas no segundo turno, senti que eu não podia deixar de ajudar a Dilma a ser reeleita, mesmo que isso não necessariamente signifique que eu a apóie e concorde com tudo o que seu governo tem feito. Mas, usando uma outra velha máxima, “dos males, o menor”.
Considero-me uma pessoa com fortes tendências para as questões sociais. Não à toa defendo o Software Livre com empenho, porque acredito que se olharmos para todos, avançamos mais. Daí deriva minha antipatia pela maioria das causas individualistas, por acreditar que, apesar de ser totalmente plausível admitir que o ser humano é egoísta, não acho que devamos nos acomodar com essa constatação. E isso vai de encontro com o que o governo da Dilma (e o antigo governo do Lula) tem feito para o Brasil: avançar nas causas sociais. O crescimento que o país experimentou nos últimos anos foi, sim, muito perceptível para mim. E, quando tive a oportunidade de visitar o Nordeste brasileiro há alguns anos, pude ver que a situação por lá, apesar de ainda não ser a ideal, também melhorou bastante. Ou seja, o bolo finalmente está sendo dividido mais igualmente para todos, ainda que falte muito para que a divisão possa ser considerada boa.
Mas não foi só na área social que eu vi mudanças. Apesar de já estar nascido na época da inflação galopante da década de 1980, não tenho uma noção muito grande do que era viver naquela época. Eu era criança, e crianças não se preocupam com o preço das coisas. No entanto, lembro-me de que a vida, naquela época, não era fácil. O planejamento familiar era tarefa ingrata, porque como planejar se você não sabe o preço das coisas amanhã? E a desigualdade social era muito mais acentuada, porque (por exemplo) era impossível pensar em viajar de avião, mesmo para uma família de classe média (Europa, então, era outro mundo). Mas daí veio o plano Real, e as coisas melhoraram… E obviamente muito do crédito por essa melhora vai para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por sua política econômica que, pelo menos no começo do seu governo, conseguiu estabilizar as coisas de forma louvável. Mas, como pôde-se ver depois, Lula refinou a economia do antigo governo, e atrelou-a ao lado social, que por tanto tempo ficou esquecido.
Um outro argumento que ouço e vejo muito, principalmente por aqueles que são anti-petistas declarados, é o da corrupção. Confesso que não entendo o motivo desse ódio tão grande a apenas uma parcela do governo brasileiro (o PT não toma conta do Brasil, ao contrário do que muita gente insiste em dizer). Esquecem-se que denúncias de corrupção sempre existiram, em todos os nossos governos, e que é contra ela (a corrupção) que devemos lutar, ao invés de escolhermos um partido específico? Quando escolhemos um alvo, estamos, de certa forma, dando salvo-conduto para os outros que cometem o mesmo crime. Para mim, quando ouço um “argumento” desse tipo, a vontade de discutir cai exponencialmente.
Infelizmente, o argumento anti-petista passa por tantos outros absurdos (Venezuela, Cuba, bolivarianismo, comunismo), e é tão estúpido, que parece-me que a pré-condição para ser ouvinte dele é estar imerso na completa ignorância, principalmente a respeito desses termos. Se você souber o que é bolivarianismo ou comunismo, por exemplo, você já não pode ouvir o argumento, porque aí não vai acreditar nas conclusões. É algo tão impressionante e infantil que, novamente, fica difícil ter qualquer tipo de conversa com pessoas que repetem essas falácias como se fossem obviedades que estão aí, para qualquer um que queira vê-las.
Todo esse tipo de conversa, ao meu ver, leva a apenas uma conclusão: o conservadorismo está se alastrando no mundo. No Brasil, ele está tomando proporções perigosamente grandes. Às vezes penso qual seria a melhor maneira de combatê-lo: educar não me parece ser uma solução muito efetiva, ainda mais quando estamos falando de pessoas que possuem uma condição social mais favorável, e que julgam-se instruídas e informadas. Por enquanto, a solução tem sido ignorar o problema, o que também não vem surtindo efeitos práticos, haja visto a escalada dos conservadores nessas últimas eleições. Contraditoriamente, talvez a solução fosse parar de lutar e deixar a água correr. Parece-me às vezes que a humanidade precisa mesmo repetir seus erros de modo cíclico, para reaprender o motivo pelo qual eles já foram corrigidos outras vezes.
]]>The question, strange as it may sound, is not only valid but also becoming more and more important these days. If you think that the four freedoms are enough to guarantee that the Free Software will respect the user, you are probably being oversimplistic. The four freedoms are essential, but they are not sufficient. You need more. I need more. And this is why I think the Free Software movement should have been called the Respectful Software movement.
I know I will probably hear that I am too radical. And I know I will hear it even from those who defend Free Software the way I do. But I need to express this feeling I have, even though I may be wrong about it.
It all began as an innocent comment. I make lots of presentations and talks about Free Software, and, knowing that the word “Free” is ambiguous in English, I started joking that Richard Stallman should have named the movement “Respectful Software”, instead of “Free Software”. If you think about it just a little, you will see that “respect” is a word that brings different interpretations to different people, just as “free” does. It is a subjective word. However, at least it does not have the problem of referring to completely unrelated things such as “price” and “freedom”. Respect is respect, and everybody knows it. What can change (and often does) is what a person considers respectful or not.
(I am obviously not considering the possible ambiguity that may exist in another language with the word “respect”.)
So, back to the software world. I want you to imagine a Free Software. For example, let’s consider one that is used to connect to so-called “social networks” like GNU Social or pump.io. I do not want to use a specific example here; I am more interested in the consequences of a certain decision. Which decision? Keep reading :-).
Now, let’s imagine that this Free Software is just beginning its life, probably in some code repository under the control of its developer(s), but most likely using some proprietary service like GitHub (which is an issue by itself). And probably the developer is thinking: “Which social network should my software support first?”. This is an extremely valid and important question, but sometimes the developer comes up with an answer that may not be satisfactory to its users. This is where the “respect” comes into play.
In our case, this bad answer would be “Facebook”, “Twitter”, “Linkedin”, or any other unethical social network. However, those are exactly the easiest answers for many and many Free Software developers, either because those “vampiric” services are popular among users, or because the developer him/herself uses them!! By now, you should be able to see where I am getting at. My point, in a simple question, is: “How far should we, Free Software developers, allow users to go and harm themselves and the community?”. Yes, this is not just a matter of self-inflicted restrictions, as when the user chooses to use a non-free software to edit a text file, for example. It is, in most cases, a matter of harming the community too. (I have written a post related to this issue a while ago, called “Privacy as a Collective Good”.)
It should be easy to see that it does not matter if I am using Facebook through my shiny Free Software application on my computer or cellphone. What really matters is that, when doing so, you are basically supporting the use of those unethical social networks, to the point that perhaps some of your friends are also using them because of you. What does it matter if they are using Free Software to access them or not? Is the benefit offered by the Free Software big enough to eliminate (or even soften) the problems that exist when the user uses an unethical service like Linkedin?
I wonder, though, what is the limit that we should obey. Where should we draw the line and say “I will not pass beyond this point”? Should we just “abandon” the users of those unethical services and social networks, while we lock ourselves in our not-very-safe world? After all, we need to communicate with them in order to bring them to our cause, but it is hard doing so without getting our hands dirty. But that is a discussion to another post, I believe.
Meanwhile, I could give plenty of examples of existing Free Softwares that are doing a disservice to the community by allowing (and even promoting) unethical services or solutions for their users. They are disrespecting their users, sometimes exploiting the fact that many users are not fully aware of privacy issues that come as a “gift” when you use those services, without spending any kind of effort to teach the users. However, I do not want this post to become a flamewar, so I will not mention any software explicitly. I think it should be quite easy for the reader to find examples out there.
Perhaps this post does not have a conclusion. I myself have not made my mind completely about the subject, though I am obviously leaning towards what most people would call the “radical” solution. But it is definitely not an easy topic to discuss, or to argument about. Nonetheless, we are closing our eyes to it, and we should not do so. The future of Free Software depends also on what kinds of services we promote, and what kinds of services we actually warn the users against. This is my definition of respect, and this is why I think we should develop Free and Respectful Software.
]]>Antes de mais nada, gostaria de fazer um pequeno “jabá”. Acho que mereço, por conta do trabalho que tive pra fazer isso (já explico) dar certo! Estou falando da palestra do Diego Aranha, que foi um dos destaques dessa edição do evento. A palestra, entitulada Software Livre e Segurança Eleitoral (veja o vídeo dela aqui) é, na minha opinião, algo que todo cidadão brasileiro deveria assistir e refletir a respeito. Comecei a me envolver mais no assunto da urna eletrônica brasileira depois que assisti essa mesma palestra (proferida pelo próprio Diego), há mais de 1 ano atrás, na UNICAMP. Considero impossível não se sentir minimamente indignado com a falta de escrúpulos (e de competência!) daqueles que, teoricamente, estão zelando pela democracia no país.
Enfim, depois de assistir essa palestra pelo menos umas 3 vezes (sendo uma delas na edição do Software Freedom Day Campinas, que eu organizei em nome do LibrePlanet São Paulo), achei que devesse tentar “mexer os pauzinhos” e colocá-la na grade oficial do FISL. Só pra garantir, eu e o Diego também submetemos a mesma palestra pelo sistema normal de submissão. Mas no fim, depois de conversar com algumas pessoas “de dentro” (agradecimento especial ao Paulo Meirelles da UnB nesse ponto), consegui encaixar o Diego na grade de destaques do evento! Foi uma grande conquista, e tenho certeza de que quem viu a palestra saiu de lá com a pulga atrás da orelha…
Mas enfim, vamos aos fatos. Minha participação no FISL desse ano foi mais tímida do que no ano passado, mas após alguma reflexão, cheguei à conclusão de que ela também foi mais proveitosa. Apesar de ter submetido praticamente 8 propostas de palestras, cobrindo os mais diferentes níveis e assuntos, não tive nenhuma proposta aceita! Obviamente fiquei bastante chateado com isso, ainda mais depois de ver o nível de algumas palestras que foram aprovadas… Confesso que considerei não ir ao evento, já que, além de não ter tido nenhuma palestra aprovada (o que significava que eu não receberia nenhum patrocínio pra ir), também não ia poder rever muitos amigos que não puderam comparecer nessa edição (podem botar isso na conta da Copa).
Passada a fase de chorar as pitangas, decidi ir de qualquer maneira. O Alexandre Oliva havia me convidado para fazer parte de uma “mesa redonda” cujo objetivo era debater a suposta morte do movimento Software Livre no Brasil. Senti-me honrado com o convite, e como participo da causa há bastante tempo, tinha bastante coisa a dizer. Foi uma honra ter feito parte da mesa com o próprio Oliva, o Anahuac, o Fred, e o Panaggio. Tivemos 2 horas para falar nossas opiniões a respeito do tema, e abrir a discussão para o público presente no auditório. Infelizmente, acabou sendo muito pouco tempo para tanta coisa que tínhamos pra falar! Eu mesmo acabei dizendo muito pouco, e resolvi parar antes para deixar a platéia se manifestar, na esperança de que o microfone iria voltar às minhas mãos para que eu pudesse fazer as considerações finais. Ledo engano! Todos queriam um pedacinho do tempo, e acabou que ficou faltando muita coisa a ser dita, de ambos os lados (palestrantes e platéia). Aliás, se quiser ver o vídeo do debate, faça o download dele aqui.
Não é exagero dizer que esse debate explicitou um sentimento recorrente nos ativistas do movimento Software Livre. Há algum tempo vínhamos tendo essa “consciência coletiva” de que as coisas não estavam muito bem pro lado do Software Livre (ao contrário do Open Source, que vai de vento em popa). Eu mesmo já havia feito alguns posts a respeito do assunto, e do meu incômodo quando pedi para que o nome Software Livre não fosse utilizado indevidamente (post em inglês), e o Anahuac levantou esse ponto durante o debate também. Achei bastante sintomático isso. E depois que voltei do FISL comecei a pensar bastante a respeito desses (e outros) assuntos novamente, o que já gerou alguns posts por aqui.
Gostei, também, da maior parte das colocações que ouvi da platéia. Apesar de eu ter tido a impressão de que algumas pessoas não entenderam muito bem o que estava sendo discutido, considero que os contrapontos levantados por parte da platéia são dignos de serem pensados, mesmo que a pessoa que trouxe esses contrapontos não seja necessariamente uma ativista. Talvez eu prepare mais um post a respeito do que ouvi por lá…
Por último, já no final da palestra, não pude deixar de pedir o microfone pro Oliva e levantar um ponto que eu queria que tivesse tido mais atenção: precisamos hackear mais! O Software Livre, enquanto movimento social e político, precisa de pessoas que discutam e tragam à tona os problemas que nós, como sociedade, devemos resolver. No entanto, o Software Livre também é um movimento técnico, e como tal precisa de ferramentas que façam frente ao domínio proprietário. Hackers, precisamos de vocês :-).
Mas… mudando um pouco de assunto, eu também fui ao evento para divulgar, mais uma vez, o nosso grupo de Software Livre, chamado LibrePlanet São Paulo. Nesse ano, levamos duas propostas interessantes ao evento: contas grátis na nossa instância do GNU Social, e no nosso servidor Jabber.
O GNU Social, que antes era conhecido como StatusNet (e que era utilizado pelo site Identica, que depois migrou para um outro tipo de serviço), é como se fosse um “Twitter distribuído”, implementado com Software Livre. O ponto é que você consegue utilizar seu próprio servidor (se quiser), e consegue conversar com pessoas que estão usando GNU Social em outros servidores. Se quiser registrar sua conta na nossa instância do GNU Social, pode acessar a página de cadastro.
O Jabber (XMPP) é um “conhecido anônimo” de quase todos. É a tecnologia que o Google Talk, o Facebook Chat, o WhatsApp, e vários outros serviços proprietários utilizam. Nós, do LibrePlanet São Paulo, estamos oferecendo contas de graça no nosso servidor Jabber. Ainda não possuímos uma página de cadastro de usuários, então se você quiser uma conta, entre em contato comigo através do e-mail (ou deixe um comentário aqui). É importante dizer que o Jabber/XMPP também é um protocolo totalmente distribuído, e que você vai conseguir conversar com outras pessoas que estão utilizando Jabber em outros servidores! Infelizmente, você não vai poder falar com quem usa o Facebook Chat e o WhatsApp, porque essas empresas proíbem essa funcionalidade. O Google permitia isso para quem utilizava o Google Chat “normal”; se a pessoa já tiver migrado para o Hangout, ela também não vai conseguir falar com outros servidores Jabber. Mais um motivo pra largar esses “serviços” vampíricos, não acha? :-).
O saldo final foi de 5 contas Jabber criadas, e nenhuma conta GNU Social. Infelizmente, isso é absolutamente normal em qualquer tipo de evento; o FISL, apesar de ter “SL” no nome, é, em sua esmagadora maioria, composto por pessoas que às vezes não se importam tanto com a parte social.
Por último, gostaria de deixar registrado o excelente trabalho que o pessoal do LibrePlanet São Paulo e Espírito Santo fizeram durante o Encontro Comunitário dos grupos. Veja o vídeo do encontro aqui.
No final, fiquei feliz com o resultado do evento. O ponto alto, pra mim, certamente foi o debate. Acho que uma “mexida” no status quo é sempre bem vinda, e foi isso que tentamos fazer. Esse movimento acabou gerando atividade dos dois lados (Software Livre e Open Source), e também ajudou-nos a diferenciar melhor quem é quem nessa história toda. Agora, é esperar o próximo FISL pra ver o que saiu e o que ficou no lugar. Até lá!
Abraços!
]]>gnu-prog-discuss
mailing list. This is a closed list of the GNU
Project, and only GNU maintainers and contributors can
join, so I cannot put a link to the original message (by Mike
Gerwitz), but this topic is being discussed
over and over again at many places, so you will not have trouble finding
similar opinions. I am also “responding” to a recent discussion that I
had with Luiz Izidoro, which
is a “friend” (as he himself likes to say) of the LibrePlanet São Paulo
group.
Mike’s point is simple: we, Free Software activists, are the geeks (or nerds) at school, surrounded by the “popular guys” all over again. In case it is not clear, the “popular guys” are the people who do not care about the Free Software ideology; the programmers who license their softwares using permissive licenses using the excuse of “more freedom”, but give away their work to increase the proprietary world.
It is undeniable that the Free Software, as a technical movement, has won. Anywhere you look, you see Free Software being developed and used. It is important to say that by “Free Software” I mean not only copyleft programs, but also permissive ones. However, it is also undeniable that several proprietary programs and solutions are being developed with the help of those permissive Free Softwares, without giving anything back to the community, as usual.
Numbers speak for themselves, so I am posting here the example that Mike used in his message, about Trello, a “web-based project management application”, according to Wikipedia. It is quite popular among project managers, and I know about two or three companies that use it, though I have never used it myself (luckily). Being web-based, it is full of Javascript code, and I appreciated the work Mike had to determine which pieces of Free Software Trello uses. The result is:
jQuery, Sizzle, jQuery UI, jQuery Widget, jQuery UI Mouse, jQuery UI Position, jQuery UI Draggable, jQuery UI Droppable, jQuery UI Sortable, jQuery UI Datepicker, Hogan, Backbone, JSON2 (Crockford), Markdown.js, Socket.io, Underscore.js, Bootstrap, Backbone, and Mustache
You can see the license headers of all those projects here:
This is only on the client-side, i.e., the Javascript portion. I will not post the link to the full Javascript code (condensed in one single file) because I do not have permission to do so, but it should not be hard to take a look yourself if you are curious.
On the server side, Mike came up with this list of Free Softwares being used by Trello:
MongoDB, Redis, Node.js, HAProxy, Express, Connect, Cluster, node_redis, Mongoose, node-mogodb-native, async, CofeeScript, and probably more
Quite a lot of Free Software, right? And Trello advertises itself as being “free”, which might confuse the inexperient reader because they are talking about price, not about freedom.
The lesson we learn is obvious but no less painful. He who contributes to Free Software using permissive licenses is directly contributing to the dissemination of proprietary software. And the corolary should be obvious as well: you are being exploited. Another nice addition made by Mike is a quote by Larry Ellison, CEO and founder of Oracle Corporation, about Free Software (and Open Source):
“If an open source product gets good enough, we’ll simply take it…. So the great thing about open source is nobody owns it – a company like Oracle is free to take it for nothing, include it in our products and charge for support, and that’s what we’ll do. So it is not disruptive at all – you have to find places to add value. Once open source gets good enough, competing with it would be insane. … We don’t have to fight open source, we have to exploit open source.”
So, do you really think you have more freedom because you can choose BSD/MIT over GPL? Do you really think you it doesn’t matter what other people do to your code, which you released as a Free Software? What are your goal with this movement, contribute to a better Free Software ecosystem (which will lead to a society which is more fair), or just getting your name in the hall of (f|sh)ame?
Back to the initial point, about not being “popular” among your friends (or be the “radical”, “extremist”, and other adjectives), I believe Mike hit the nail when he said that, because that is exactly how I am feeling currently, and I know other Free Softwares activists feel exactly the same. To defend a copyleft license is to defend something that is wrong, because, in the “popular kids’ view”, copyleft is about anything but freedom! The cool thing now is to be indifferent, or even to think that it is nice that proprietary software can coexist with Free Software, so let’s give it a help and release everything we can under permissive licenses. I could mention lots of very nice Free Softwares that chose to be permissive because their maintainers thought (and still think) GPL is evil.
I contributed and still contribute to some Free Softwares that are permissive licensed. And despite trying to use only copyleft software, sometimes I replace some of them by permissive ones, and do not feel guilty about it. I do that because I believe in Free Software, and I believe we should support it in every way we can. But doing so is also nocive to our cause. We are supporting softwares that are contributing to the proprietary world, even if that is not what their developers want. We are making it very easy for people like Larry Ellison to win and think they can exploit what other people are doing for free(dom). We are feeding our own enemy in their mouths. And we should be very careful about that.
This post is a request. I am asking you a favor. Please, consider (re)licensing your project using a copyleft license. If you do value what Free Software is about (or even what Open Source is about!), then help spread it by not helping the proprietary side. I am not asking you to join our ideological cause (or maybe I am?); feel free to stay out of this if you want. But please, at least consider helping the Free Software community by avoiding making your code permissive, which will give too much power to the unethical side.
Thank you!
]]>Antes de mais nada, se quiser assistir ao debate, o link direto está aqui. Também sugiro uma visita à página wiki do grupo LibrePlanet São Paulo, na qual você pode encontrar algumas sugestões de outras palestras interessantes que rolaram no evento. Você pode acessá-la nesse link.
Mas voltando ao assunto. Meu objetivo no post não é discutir o debate em si; pretendo fazer isso em um post futuro. O ponto que quero discutir é o comportamento do que chamo de “zeladores da coerência”. São pessoas que existem em qualquer movimento social/político/filosófico, e não poderia deixar de existir no Software Livre. Mas curiosamente, vejo mais contundência naquelas pessoas que não defendem o Software Livre, do que naquelas que o fazem. Explico-me.
O Anahuac fez alguns posts recentemente atacando a falta de distinção entre os movimentos Open Source e Software Livre, especificamente por parte daqueles que fazem parte do primeiro mas se dizem defensores do segundo. Posso classificar, nesse meu post, o Anahuac como sendo um zelador da coerência, apesar de ele mesmo admitir algumas incoerências no seu comportamento, como o uso do Twitter. E, apesar de nem sempre concordar com o tom que ele usa em seus textos, muitas vezes combativos e até perigosamente ácidos, concordo com a maioria dos pontos que ele levanta nos dois artigos que mencionei. Se quiser lê-los, o primeiro é esse aqui, e o segundo tá nesse link. Há bastante tempo, publiquei minhas opiniões (em inglês) sobre esse mesmo assunto, nesse post aqui.
Pois bem, como o Anahuac não tem problema em levar pedradas, ele postou ambos os textos no site BR-[GNU/]Linux, notadamente um reduto Open Source brasileiro. Parei de ler o site há bastante tempo, por conta de diferenças de opinião com o conteúdo publicado, e principalmente por notar sempre um tom irônico e parcial travestido de uma suposta “isenção aos fatos” nos comentários que o autor do site faz sobre as notícias. No entanto, o próprio Anahuac fez questão de trazer à minha atenção a repercussão que os textos estavam tendo, e pediu-me pra ler os comentários do post no BR-[GNU/]Linux. Vale mencionar que o site utilizar o Disqus para oferecer um sistema de comentários, um serviço que não respeita a privacidade dos seus usuários e realiza tracking das atividades dos mesmos. Como não possuo uma conta lá, e utilizo alguns plug-ins para não executar código Javascript não-autorizado no meu navegador, acabei tendo um pouco de trabalho pra conseguir ler os comentários de forma mais ou menos anônima. Mas no fim, consegui. E o que vi, apesar de ser “mais do mesmo”, me deixou bem pensativo.
Não esperava uma reação diferente de parte da comunidade. Como disse, os textos do Anahuac são feitos pra “tocar na ferida” de uma forma às vezes brusca, e que desagrada muita gente. Vários comentários eram ad hominem, e nem merecem menção. Mas o que me chamou a atenção foi a quantidade de pessoas apontando incoerências (supostas ou verídicas) que o Anahuac comete, e retirando dele o direito de apontar qualquer tipo de incoerência na própria comunidade da qual faz parte. E aí fico pensando, será que nós mesmos, ativistas do Software Livre, não estamos colhendo o que plantamos?
Não consigo deixar de falar da minha experiência. Sempre tentei basear meus atos e opiniões em cima da minha própria coerência. Sei que é difícil, e, apesar de muitas vezes (pré)julgar alguém por uma incoerência cometida, tento sempre lembrar que eu mesmo já usei Gmail e Twitter para criticar o Software Livre. Obviamente que, na época, eu não tinha tanto conhecimento a respeito dos perigos de se usar essas ferramentas, mas mesmo assim nada impedia (como, de fato, não impediu!) que alguém chegasse e me acusasse de incoerência. Já, inclusive, condenei o uso do Facebook para divulgar um ex-grupo de Software Livre do qual fazia parte, e recebi como resposta um “conselho” (não muito educado) dizendo que, se eu quisesse usar apenas Software Livre, deveria parar de usar computador, já que independente da máquina eu ia ter que usar algo proprietário. Isso foi proferido por um dos fundadores do tal grupo, um rapaz muito famoso pela falta de educação, mas que, há bastante tempo atrás, acreditava nos mesmos ideais que eu.
É muito difícil rebater um argumento desse tipo. Aliás, é muito difícil rebater um dedo apontado na sua cara mostrando alguma incoerência que você comete, e que está lá como uma resposta a uma acusação sua de uma outra incoerência. Algumas pessoas tendem a se defender justificando seus erros através dos erros dos outros, e quando elas podem usar o próprio “acusador” como um exemplo, melhor ainda (pra elas)! É isso que está havendo, e é essa maré desses zeladores da coerência alheia que me preocupa um pouco. Afinal, sempre vai ser possível encontrar incoerências em qualquer pessoa.
Não sei direito onde quero chegar com esse texto, mas acho que uma coisa está ficando um pouco clara na minha cabeça, ou pelo menos eu estou começando a ver um lado diferente da história toda. Apontar incoerências, por mais evidentes que elas estejam aos nossos olhos, pode não ser a melhor forma de conseguirmos explicar nossos ideais. Pode parecer óbvio (e talvez seja), mas ninguém gosta de ser colocado contra a parede, e pouquíssimas pessoas têm a coragem necessária pra assumir publicamente um erro. Talvez o caminho para a cabeça e o coração das pessoas seja outro. Durante o debate no FISL, o Fred falou algo que tem estado na minha mente com cada vez mais frequência. Pode parecer piegas, mas nós precisamos de mais amor ao próximo, até para podermos entender que nós, também, já estivemos do lado de lá. O Software Livre, como movimento social, político e filosófico que é, vai florescer cada vez mais quando cada ativista olhar pra si mesmo e reconhecer, mesmo que com dificuldade, aquele a quem espera passar um pouco do seu ideal.
É difícil, mas é necessário.
]]>First of all, this article is not a copy of Benjamin Mako’s Google Has Most of My Email Because It Has All of Yours. And I would also like to take this opportunity to recommend this great article; it provides many insights that some people do not even realize.
But back to the point: privacy is a collective good, and we should preserve it. The explanation of why I am calling privacy something “collective” is simple, and if you read Ben’s article you probably know it by now: whenever I send an e-mail to someone who uses Gmail, Google will have a copy of it, even if I don’t have a Google account. What does it mean? It means that I pay my own server in order to run my own e-mail infrastructure and not have my privacy disrespected, but in the end of the day the majority of my efforts are useless. Which boils down to something that may be hard to read, but is true: you are not respecting my privacy. Your displicence with your privacy is forcing me, who needs to communicate with you, to give up my privacy as well, even if for a small portion of time. But it’s not only about e-mail…
Another common example is Facebook. I don’t have an account there, and don’t plan to have one, despite the pressure coming from the society sometimes. However, when you take a picture of me and post it there, or when you mention something about me on your Facebook, you are also disrespecting my privacy. If I don’t have Facebook, it is because I do not want to become a product for them and have my personal data sold to advertisement companies, nor have it shared with the NSA. You, on the other hand, do not care about this, and post things about me and other people without their permission. This is wrong, and you are disrespecting my privacy.
I chose to use this argument because oftentimes people are not concerned about their privacy, and think that “if I have nothing to hide, then I don’t need privacy”. I won’t even begin discussing this absurd, because that is not the point of this article. Instead, I noticed that sometimes people pay more attention if you say that they are disrespecting someone else’s right. Maybe I am wrong, but I still think it is worth trying to open everyone’s eyes for something that seems to have been forgotten by most.
]]>O movimento de Software Livre, visto por um ângulo um pouco não-ortodoxo, funciona na base do “dar e receber”. Você contribui com tempo, dedicação, código, relatórios de problemas, correções, arte, texto, e no fim espera, mesmo que inconscientemente, receber crédito pelo esforço colocado no projeto. Não há nada de errado nisso, e, se o crédito for realmente merecido (o que é uma outra reflexão por vezes dificílima de ser feita!), nada mais justo do que dá-lo.
Por outro lado, é interessante analisar o que ocorre quando o devido crédito não é dado. Sem entrar no mérito do porquê isso aconteceu (relapso, esquecimento, má fé), a pessoa que devia receber esse crédito, mesmo que não o estivesse conscientemente esperando, sofre um abalo — irreversível, por vezes — na vontade de continuar dedicando seu tempo a determinada tarefa. Pode parecer óbvio, mas é preciso olhar para isso com cuidado. O movimento de Software Livre é composto não somente por funcionários de empresas interessadas (financeiramente) no sucesso de determinado software, mas também (e principalmente) por voluntários.
E onde eu entro nisso tudo? Contribuo com Softwares Livres há bastante tempo, e já passei pelas duas situações: fui agraciado com o devido reconhecimento, e fui “esquecido” depois de me esforçar por alguma coisa. Felizmente, na esmagadora maioria dos casos o devido crédito foi-me dado, e não tenho do que reclamar. Mas recentemente passei pelo caso inverso, e senti na pele, mais uma vez, como é ruim não ser lembrado pelo trabalho que realizei, mesmo que isso tenha ocorrido por falta de comunicação e sem nenhuma maldade envolvida.
Tentei, com algum esforço, me colocar na posição de observador, e deixar o papel de “vítima” um pouco de lado. É uma situação muito complicada, e por qualquer ponto que eu tente olhar, não consigo ver uma solução diferente daquela que, de modo egoísta, elegi como a melhor para mim.
Sei o quanto me esforcei para conseguir colocar em movimento uma engrenagem nem sempre fácil de funcionar, que é a de um grupo de apoio ao movimento de Software Livre. Talvez você se lembre do anúncio de fundação do grupo, há mais de 1 ano atrás. E agora, depois de ter feito muita coisa pelo grupo, senti falta de ter um reconhecimento de alguém que considero bastante. Sei que, numa análise mais cuidadosa, a culpada disso foi a falta de comunicação. Mas às vezes não consigo deixar de pensar em como seria bom ter tido um pouco do gostinho de “fiz minha parte, e aquele cara reconhece isso!”.
Enfim, coisas da vida. Esse post ia ficar bem maior, mas decidi cortar mais da metade dele porque não quero ficar no “chororô”. O que importa, no final das contas, é o quanto você acha que está fazendo a coisa certa. No fim do dia, é você quem vai dormir tranquilo, sabendo que se esforçou bastante e que nada do que fez foi em vão. O resto, se vem ou não, é um complemento àquilo que você fez.
]]>Este ponto relaciona-se mutuamente com os outros dois pontos (que também relacionam-se mutuamente entre si). É claro, tudo está conectado nesse mundo, até mesmo (e principalmente!) os motivos que levam alguém a se desconectar de alguns valores morais e éticos.
Eu vejo pessoas preguiçosas o tempo todo. Às vezes, sou uma delas (por mais que tente me afastar desse comportamento). Mas creio que existe uma diferença entre alguém inerentemente preguiçoso, e alguém que se deixa levar pela tentação da preguiça por conta de algum outro fator. A minha reclamação, aqui, é com o primeiro tipo de pessoas.
O “teste” pra saber se você se encaixa nesse grupo é: quando você se depara com algum problema difícil de ser resolvido, qual seu modus operandi? Buscar soluções, ou desistir? Tentar você mesmo, ou pedir pra alguém? Aprender com seus erros, ou repetí-los ad eternum? Se você não quis nem pensar sobre esse teste, então acho a resposta é óbvia…
Mas o que isso tem a ver com ativismo? Tudo. Ser ativista é, por definição, ter que enfrentar situações difíceis e desanimadoras, platéias apáticas e desconfiadas, pessoas descrentes e alienadas. E isso tudo é absurdamente frustrante, principalmente quando você acredita naquilo que está falando, e sabe que as pessoas que estão ouvindo precisam entender também! Afinal, como eu falei em outro post, a privacidade (mas não só ela!) é um bem coletivo. A manutenção dela depende da compreensão da comunidade sendo espionada.
Em outras palavras, as empresas, entidades e governos que estão lutando para que você tenha cada vez menos direitos não dormem no ponto. Não vai ser muito legal se nós dormirmos…
Só que esse ponto não se aplica somente aos ativistas em si. Obviamente, encontramos (muitos!) preguiçosos (e preguiçosas) do outro lado, na platéia. É sempre bom (e necessário) assumir que as pessoas pra quem você está falando são ignorantes naquele assunto, e portanto precisam ser instruídas minimamente para que possam tomar decisões maduras e inteligentes. No entanto, mesmo depois de serem alertadas sobre vários fatos e consequências dos seus atos, as pessoas ainda assim preferem continuar na ignorância!! Existem vários nomes pra essa “teimosia”, mas eu costumo achar que um dos fatores que contribui pra isso é a preguiça.
Preguiça em levantar da cadeira e procurar soluções que respeitem você e sua comunidade. Preguiça em continuar pensando (ou seja, “sempre alerta”) sobre quais os riscos você está efetivamente correndo quando usa aquela “rede social”. Preguiça em mudar os hábitos. Preguiça em lutar por seus direitos virtuais. Enfim, preguiça.
Esse é um dos pontos mais problemáticos. O preconceito está enraizado nas pessoas, sem exceção. E o preconceito contra ativistas, de qualquer tipo, é evidente.
Ser ativista não é somente acreditar em algo. Ser ativista é principalmente saber de algo, e querer levar essa sabedoria para as pessoas. Obviamente, existem vários tipos de ativismo, mas quando olho pro que eu faço, eu me vejo mais como alguém que sente ser sua obrigação ensinar as pessoas sobre algo que é desconhecido da maioria. Apesar de realmente esperar que as pessoas acreditem nos valores que eu tento passar (e quem não espera?), acredito que meu objetivo principal seja o de “habilitar” a sociedade a tomar decisões conscientes sobre os assuntos que tento “ensinar”.
Algumas pessoas têm medo ou vergonha de me falar que usam Facebook, Twitter, ou algum software não-livre. Mas eu noto que, na maior parte dos casos, o medo delas decorre do fato de elas saberem que eu não “gosto” de nenhum desses itens, e não do fato de elas saberem por que eu não gosto deles. E nesse caso, eu não sinto raiva ou decepção pela pessoa com quem estou conversando, mas sim uma necessidade de realmente explicar o motivo de eu não concordar com a utilização desses programas! Sei que se eu explicar, na verdade eu estarei dando ferramentas pra que a pessoa consiga, ela mesma, decidir se quer continuar usando-os. Essa é minha tarefa, no final das contas. Permitir que o usuário de tecnologia consiga, de forma consciente e ética, escolher o que quer e o que não quer. Mas aí entra o preconceito…
Quando começo a falar, é inevitável usar expressões como “liberdade”, “respeito”, “ética”, “comunidade”, “privacidade”, “questões sociais”, etc. Elas são o cimento pra que eu possa construir meus argumentos, e não creio que palavras ou expressões por si só possam definir um liberal de um conservador, por exemplo. No entanto, o que mais vejo são pessoas que confundem ativistas de Software Livre com comunistas ou socialistas. E como hoje a moda é o conservadorismo, às vezes as pessoas ignoram tudo aquilo que falamos por conta desse preconceito idiota.
Meu objetivo não é discutir sobre se é bom ou ruim ser socialista/comunista (apesar de eu definitivamente não ser “conservador”, e achar esse preconceito absurdo). Mas o que deve ficar claro é que o Software Livre, apesar de ser um movimento político, não é um movimento partidário. Defendemos valores bem definidos, que podem ou não ter a ver com idéias comunistas/socialistas, mas que não advogam a favor desse movimento político. Também é importante mencionar que, por ser um movimento social, é natural que muitas idéias e preceitos defendidos pelos ativistas de Software Livre sejam simpáticos à causa socialista/comunista. Mas isso obviamente não faz com que Stallman seja o novo Stalin (apesar da semelhança dos sobrenomes).
Enfim, o meu pedido para a comunidade em geral é: ouçam a mensagem, independente do interlocutor, e pensem a respeito, independente da sua orientação político-partidária. Aquilo pelo qual lutamos independe de partido, religião, time de futebol, nacionalidade. Depende simplesmente de seres humanos, de uma comunidade que não tem fronteiras, não tem uma única cultura, mas que merece mais respeito. Só que, infelizmente, vamos ter que exigir isso.
]]>You may not agree with me on everything I write here, and I am honestly expecting some opposition, but I would like to make it crystal clear that my purpose is to raise awareness for the most important “feature” an organization should have: coherence.
I first learned about the Twitter account on IRC. I was hanging around
in the #fsf
channel on Freenode, when someone mentioned that “…
something has just been posted on FSF’s Twitter!” (yes, it was a happy
announcement, not a complaint). I thought it was a joke, but before
laughing I decided to confirm. And to my deepest sorrow, I was wrong.
The Free Software Foundation has a Twitter account. The implications
of this are mostly bad not only for the Foundation itself, but also for
us, Free Software users and advocates.
Twitter uses Free Software to run its services. So does Facebook, and I would even bet that Microsoft runs some GNU/Linux machines serving intranet pages… But the thing is not about what a web service uses. It is about endorsement. And I will explain.
I remember having this crazy thought some years ago, when I saw some small company in Brazil putting the Facebook logo in their product’s box. What surprised me was that the Facebook logo was actually bigger than the company’s logo! What the heck?!?! This is “Marketing 101”: you are drawing attention to Facebook, not to your company who actually made the product. And from that moment on, every time I see Coca Cola putting a “Find us on http://facebook.com/cocacola” (don’t know if the URL is valid, it’s just an example) I have this strange feeling of how an internet company can twist the rules of marketing and get free ads everywhere…
My point is simple: when a company uses a web service, it is endorsing the use of this same web service, even if in an indirect way. And the same applies to organizations, or foundations, for that matter. So the question I had in my mind when I saw FSF’s Twitter account was: do we really want to endorse Twitter? So I sent them an e-mail…
I have exchanged some interesting messages with Kyra, FSF’s Campaign Organizer, and with John Sullivan, FSF’s Executive Director. I will not post the messages here because I don’t have their permission to do so, but I will try to summarize what we discussed, and the outcomings.
My first message was basically requiring some clarifications. I had read this interesting page about the presence of FSF on Twitter, and expressed my disagreement about the arguments used there.
They explicitly say that Twitter uses nonfree JavaScript, and suggest that the reader use a free client to access it. Yet, they still close their eyes to the fact that a big part of the Twitter community use it through the browser, or through some proprietary application.
They also acknowledge that Twitter accounts have privacy issues. This is obvious for anyone interested in privacy, and the FSF even provides a link to an interesting story about subpoenas during the Occupy Wall Street movement.
Nevertheless, the FSF still thinks it’s OK to have a Twitter account, because it uses Twitter via a bridge which connects FSF’s StatusNet instance to Twitter. Therefore, in their vision, they are not really using Twitter (at least, they are not using the proprietary JavaScript), and well, let the bridge do its job…
This is nonsense. Again: when a foundation uses a web service, it is endorsing it, even if indirectly! And that was the main argument I have used when I wrote to them. Let’s see how they replied…
The answer I’ve got to my first message was not very good (very weak arguments), so I won’t even bother talking about it here. I had to send another message to make it clear that I was interested in real answers.
After the second reply, it became clear to me that the main point of the FSF is to reach as many people as they can, and pass along the message of software user freedom. I have the impression that it doesn’t really matter the means they will use for that, as long as it is not Facebook (more on that latter). So if it takes using a web service that disrespects privacy and uses nonfree Javascript, so be it.
It also seems to me that the FSF believes in an illusion created by themselves. In some messages, they said that they would try to do a harder job at letting people know that using Twitter is not the solution, but part of the problem (the irony is that they would do that using Twitter). However, sometimes I look at FSF’s Twitter account, and so far nothing has been posted about this topic. Regular people just don’t know that there are alternatives to Twitter.
I will take the liberty to tell a little story now. I told the same story to them, to no avail. Let’s imagine the following scenario: John has just heard about Free Software and is beginning to study about it. He does not have a Twitter account, but one of the first things he finds when he looks for Free Software on the web is FSF’s Twitter. So, he thinks: “Hey, I would like to receive news about Free Software, and it’s just a Twitter account away! Neat!”. Then, he creates a Twitter account and starts following FSF there.
Can you imagine this happening in the real world? I definitely can.
The FSF is also mistaken when they think that they should go to Twitter in order to reach people. I wrote them, and I will say it again here, that I think we should create ways to reach those users “indirectly” (which, as it turns out, would be more direct!), trying to promote events, conferences, talks, face-to-face gatherings, etc. The LibrePlanet project, for example, is a great way of doing this job through local communities, and the FSF should pay a lot more attention to it in my opinion! These are “offline” alternatives, and I confess I think we should discuss the “online” ones with extra care, because we are in such a sad situation regarding the Internet now that I don’t even know where to start…
And last, but definitely not least, the FSF is being incoherent. When it says that “it is OK to use Twitter through a bridge in a StatusNet instance”, then it should also be coherent and do the same thing for Facebook. One can use Facebook through bridges connecting privacy-friendly services such as Diaspora and Friendica (the fact that Diaspora itself has a Facebook account for the project is a topic I won’t even start to discuss). And through those bridges, the FSF will be able to reach much more people than through Twitter.
I am not, in any way, comparing Twitter and Facebook. I am very much aware that Facebook has its own set of problems, which are bigger and worse than Twitter’s (in the most part). But last time I checked, we were not trying to find the best between both. They are both bad in their own ways, and the FSF should not be using either of them!
My conversation with the FSF ended after a few more messages. It was clear to me that they would not change anything (despite their promises to raise awareness to alternatives to Twitter, as I said above), and I don’t believe in infinite discussions about some topic, so I decided to step back. Now, this post is the only thing I can do to try to let people know and think about this subject. It may seem a small problem to solve, and I know that the Free Software community must be together in order to promote the ideas we share and appreciate, but that is precisely why I am writing this.
The Free Software movement was founded on top of ideas and coherence. In order to be successful, we must remain coherent to what we believe. This is not an option, there is no alternative. If we don’t defend our own beliefs, no one will.
]]>Antes, um breve relato dos dois eventos. Gostei parcialmente do resultado que obtivemos com o Upstream. Acho que a qualidade dos palestrantes foi ótima, e as discussões tiveram um nível muito bom. No entanto, os workshops deixaram a desejar. Pelo pouco que pensei a respeito, cheguei à conclusão de que faltou organização para definirmos os assuntos que iriam ser abordados, e principalmente o melhor modo de abordá-los. Assumo minha parcela de culpa nisso, afinal eu tentei ajudar na organização do workshop de toolchain e ele não saiu do modo como esperávamos. Problemas na infra-estrutura do local também atrapalharam no resultado final. Mas, de modo geral, e levando em conta que essa foi a primeira edição do evento, acho que conseguimos nos sair razoavelmente bem. Certamente já temos muitas coisas pra pensar e melhorar para a próxima edição!
Já sobre o SFD, apesar de várias pessoas muito boas terem participado do evento, a minha impressão inicial (e forte) foi a de que fazer a sociedade se interessar (ou ao menos ouvir, se bem que os dois conceitos são intrinsecamente ligados) por assuntos que são de suma importância para a manutenção (ou, no caso, a restauração) de um Estado que a respeite é mais difícil do que eu pensava. E essa é também a primeira reflexão do post.
Há um conflito muito grande acontecendo com as pessoas. Provavelmente ele não é “de hoje”, mas de qualquer modo ele existe e precisa ser resolvido. O conflito, do modo que vejo, pode ser resumido da seguinte forma: “até que ponto eu quero sentir indignação sobre um assunto, de modo que eu não precise necessariamente tomar alguma atitude sobre ele?”. Ou seja, a pessoa opta voluntariamente por permanecer na ignorância parcial, para que ela não se sinta obrigada a tomar uma posição sobre determinado problema que a atinge.
Tomemos o exemplo do Facebook. Alguém que tenha uma conta lá (i.e., “quase todo mundo”) prefere se manter na ignorância sobre os termos de serviço e privacidade que o site possui. Não estou entrando no mérito de operações clandestinas de espionagem; estou falando sobre os textos disponíveis no site do Facebook e que explicam (talvez não de maneira muito clara, mas isso já é outro problema) o que o site faz e não faz a respeito dos seus dados. É uma opção. É mais fácil apenas usar o site, compartilhar imagens engraçadas com seus mil “amigos”, e não olhar para uma questão que deveria ser muito mais importante do que qualquer “like” que possa ser dado.
Não sou sociólogo e estou longe de poder dar opiniões acadêmicas sobre esse assunto, mas tenho a impressão de que o que acontece é um “retardo social” na maioria dos cidadãos deste planeta. Não deixa de ser um paradoxo o fato de que esse comportamento é exacerbado através de uma “rede social”, que se traveste de facilitadora de comunicações entre indivíduos para poder exercer a derradeira função de uma empresa: ganhar dinheiro. É importante frisar que não sou contra “ganhar dinheiro”, mas sou contra vários meios que são usados pra atingir esse objetivo.
No final, o produto somos nós, ou nossa privacidade. E quando eu digo “nós” ao invés de “eles”, é porque eu fiz uma outra reflexão…
Pode parecer paradoxal à primeira vista, mas pare e pense um pouco. A privacidade é sim um direito do indivíduo, mas quando você opta por não tê-la, você está fazendo essa opção em nome de todas as pessoas que se comunicam com você. Afinal, se você não se importa se alguém está lendo suas mensagens, então qualquer tipo de comunicação que chega até você pode e vai ser lida. E se essa comunicação partir de alguém que preza pela própria privacidade, não vai fazer diferença alguma: a mensagem será lida de qualquer jeito, porque você escolheu isso.
Estou acostumado a ouvir pessoas dizerem que elas não são tão importantes a ponto de despertarem interesse em algum governo para que ele queira espioná-las. “Portanto”, dizem as pessoas, “não preciso me preocupar”. Bem, acho que esse argumento não invalida de maneira alguma o fato de que proteger a própria privacidade é importante. Não interessa o quão público alguém é; se ele não preza pela sua privacidade, ele está abrindo mão de algo que afeta direta ou indiretamente várias pessoas.
O meu ponto aqui é simples. Faça a sua parte e proteja a sua privacidade. Ninguém vai fazer isso por você, mas todos precisam e podem fazer suas respectivas partes. É um trabalho em conjunto, mas que depende da cooperação de todos. Se alguém perto de você não se importar, você provavelmente vai ser prejudicado.
]]>Este post não pretende ser nada além de um post. Não vai ter links, referências, nem nada. É só uma descarga mental.
Eric Hobsbawm provavelmente ficaria em dúvida se decidisse lançar mais um dos seus inestimáveis livros sobre Eras, que falasse sobre esse período que a humanidade está vivendo desde idos da década de 80 ou 90. A dúvida, superficialmente, seria simples: uma palavra que definisse, talvez não de modo unívoco mas ainda assim de maneira contundente, a dita Era. No entanto, se analisássemos a questão de modo um pouco mais profundo, veríamos que as opções para a tal “palavra” seriam muitas, e muito ruins.
Hobsbawm não está mais entre nós. Mas isso não deixa a dúvida menos incômoda. Vivemos várias eras em uma só, a da mediocridade (que foi a palavra escolhida como título do post, mas apenas porque foi a primeira que me veio à mente), a era do egoísmo e do individualismo, a era do descaso, a era da burrice coletiva, a era da falta de compromisso, da falta de interesse, da falta de amor, da manipulação, da vontade de ser manipulado.
Recentemente, no Brasil, estamos vendo manifestações populares pipocando a torto e a direito. Pessoas diversificadas dentro de uma mesma classe média saem às ruas com bandeiras, hinos e muito partidarismo disfarçado. As reivindicações são muitas, de esdrúxulas a absurdas, passando pelo generalismo e falta de argumentos. O que querem esses caras pintadas, esses brasileiríssimos filhos com máscara hollywoodiana gritando frases de propagandas de televisão? Essas pessoas instruídas a colocarem expressões em hashtags em cartolinas? Esses cidadãos exemplares e sociais nas redes?
Acordar, acordar mesmo, é uma expressão muito forte. Há que se tomar cuidado com o orgulho cego que nos lança luzes fortíssimas na cara a fim de nos fazer acreditar que daqui pra frente, tudo vai ser diferente. E essa falsa certeza absolutamente irrefutável, que é cada vez maior quanto mais nos enfiamos nesses meios de comunicação dessa era em que vivemos, é perigosa como qualquer outro dogma inquestionável.
De um lado, já sabíamos há muito tempo que um governo ditatorial como o dos Estados Unidos espiava e ainda espia tudo o que lhe convém. Já sabíamos, mas mesmo assim só vejo pessoas surpresas com essa cortina de fumaça (sim, existe um motivo maior pra essa história toda vir à tona) jogada sobre nós. Parece que precisavam de um nome, e PRISM caiu bem, lembra um pouco aqueles mega computadores de livros de ficção científica, medonhas máquinas que só sabem usar números pra matar. Então agora, já que temos um bom nome, todos aqueles que antes tinham se esquecido da espionagem agora dizem que “deixou de ser teoria (da conspiração)”. Deixou? Já foi? Ou era você que não queria ver? Que se esquecia, porque convinha?
De outro, temos os rueiros, manifestantes que, imbuídos de um espírito que quer lutar por mais justiça e, consequentemente, liberdade, abusam de um Facebook (ou “face”, praqueles que possuem a síndrome de Estocolmo) para organizarem coisas, para combinarem festas, para encontrarem parceiros, para viverem (ou terem essa ilusão). Fantoches, que se colam nas mãos de uma empresa, que não querem sair, criam dependência e subserviência, e assim acham que se tornam mais brasileiros.
No centro, o nada. O vazio. A coisa-nenhuma, amiga inseparável e confidente desses tempos que vivemos. Vácuo e zero se fundem num emaranhado de matéria e anti-matéria. Nenhuma energia se cria, toda energia é consumida e transformada nessa roda-viva teatral que nos leva de volta ao começo do fim. Todos os posts são perdidos, todos os likes são pedidos, todos na rua porque hoje é mais um dia como outro qualquer e diferente de tudo o que já foi.
Quando penso no que éramos e no que nos tornamos, choro por todos os motivos conhecidos e que ainda hei de conhecer. Estamos na descida, e eu ainda não vejo o fundo do vale.
]]>